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quinta-feira, 19 de julho de 2012

VIDAS DIFÍCEIS


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Artigo 13/03/2012 - 10h56

Vidas difíceis

Eu estive no Corpo de Bombeiros à procura de um Major para lhe mostrar um projeto social e fui assediada por um Cabo
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VIDAS DIFÍCEIS

Solange Guimarães -
Aracati-CE


Eu estava aqui pensando nas atitudes de alguns bombeiros. A pergunta é uma arte, bons perguntadores são metidos a filósofos e eu sou uma boa perguntadora. Eu me perguntei: "Por que aquele bombeiro se insinuou para mim daquele jeito se eu não sou e nem pareço ser uma qualquer?"
E, aqui no meu quarto, longe da loucura de Fortaleza, pude dormir melhor, pude pensar com calma e pude analisar também. Eu perguntei para dentro de mim se ele é um "cabra safado". Bem... Assim como foi precipitado da parte dele falar bobagens repetidas vezes, como precipitou-se com sua sinestesia exagerada para comigo tentando me seduzir, sabe
Deus o porquê, o para quê, seria precipitado de minha parte dizer: "Ele é um cabra safado!"
A pergunta é uma arte e a empatia é um dom. A empatia também faz a gente filosofar. Ele me disse que a vida de militar é muito difícil e eu sei o que ele quis dizer.
Eu sou uma pessoa que faz qualquer coisa por uma boa causa. Até arrisco minha vida de vez em quando para fazer alguém feliz, mesmo que isso me custe algumas feridas na alma. Não raras vezes me arrisquei, me doei e só recebi ingratidão em troca. Um ex-amigo que me decepcionou muitíssimo é um exemplo vivo disso. O militar se doa, se arrisca e não importa o quanto receba em salário, a compensação para ele não é financeira.
Eu estive no Corpo de Bombeiros à procura de um Major para lhe mostrar um projeto social e fui assediada por um Cabo. Fiz o Termo de
Declaração contra o mesmo e ele me procurou aflito, arrependido, e me pedindo desculpas. Implorou para que eu comunicasse aos seus superiores que ele foi se retratar comigo e assim o fiz... No entanto, seu chefe imediato disse que iria levar o caso adiante. Com medo de ser injusta e de contrair um inimigo, escrevi uma carta retirando a queixa. O resultado disso eu ainda não sei, mas, prefiro amigos a desafetos.
Eu levei em consideração as vezes em que, geralmente, empolgada por ter saído ilesa de uma situação de risco, cometi alguns excessos e fui perdoada. Claro que nunca cometi assédio sexual, mas, já fiz coisas que, ao me lembrar depois, paro e penso: "Meu
Deus, por que fui tão idiota?" A resposta foi: "Porque você é humana."
Eu perdi a conta de quantas vezes fiz o bem pra um monte de gente e estava sendo cruel comigo. Não conto as vezes em que, andando na rua, eu me peguei dizendo a mim mesma: "Preciso de uma compensação para minha vida" _ ou seja, queria colo. Queria beijo, abraço, carinho, cama... Mas, só tinha (e tenho) os filhos dos outros para cuidar. Vida de professor também é muito difícil e mal remunerada. Já separei briga de alunos, já apaziguei ânimos adolescentes alterados, aluno querendo matar colega, já desarmei crianças em sala de aula, já enfrentei mãe com peixeira na cintura, aluno drogado querendo largar o vício sem conseguir, ex-aluno morrendo esmagado debaixo do concreto para roubar ferro e trocar por crack e já fui ameaçada de morte por um aluno só porque mandei entrar para a sala de aula. Já enfrentei mãe histérica e diretora sociopata. Ganho beijos e abraços e carinho, cartinhas e presentes das crianças... Isso é bom, mas o meu lado mulher me cobra um homem para aliviar tensões e dividir vitórias. Estou diariamente carente e preciso me conter por causa do alto preço de ser quem eu sou.
Os bombeiros militares dão a vida em troca da vida de desconhecidos. Enfrentam todo tipo de problema que o ser humano é capaz de lhes dar. Absorvem as loucuras dos suicidas, outros que desafiam os perigos dos mares, tocam fogo em tudo e eles lá estão para suprir as necessidades dos filhos das mães, imprudentes, irresponsáveis, mas, humanos. Todos com problemas sexuais, buscando uma compensação para suas vidas difíceis. Aí, mergulham sem saber nadar, dormem a poder de remédios com o cigarro aceso, sentem-se tentados a tirar suas vidas nada compensadas.
Então, por essa ótica, o bombeiro que me assediou tinha ido apagar um incêndio no Pão de Açúcar às 4:00h com o tal Major. Foi uma missão bem sucedida, graças a
Deus. Ele não pensou no preço a pagar por ser o que é; simplesmente, buscou a compensação para sua vida difícil com a pessoa errada: Eu, supostamente, "prima" do Major! Ele me jurou de pé junto que nunca mais fará o que fez. Que vai se controlar... E que
Deus o abençoe. Pelo menos, me chamou de Princesa. É um atenuante...
(Deus tenha misericórdia de nós por nossas vidas difíceis)

3 comentários:

  1. ...Fardas e mulheres... Fui militar por trés anos, o assédio tinha que ser sutil, senão, cadeia... Militares "em guerra" ou "de verdade" são os bombeiros e policiais.

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  2. Quanto às escolas... os pais não educam, a sociedade "deseduca"... e todos cobram do professor o que não fizeram. E cobram tarde. Acredito que as oportunidades de estudo deveriam ser para todos. Não as escolas. Obrigar um sera ficar numa sala, você não tem como dar limites, você não tem segurança... muito bom. escola deveria ser para quem quer, quem busca. Crianças inocentes, sei, na Inglaterra podem ser presos. Aqui é esta merda de passar a mão encima. fueda...

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  3. Obrigada por seus comentários, Dr. Nestor. Sua participação é muito importante e bem vinda!

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